Foto: Leonardo Paraíso

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Oficina Cartografias da invenção: ler e escrever com mulheres e mapas, com Julia Almeida Alquéres

Ministrante: Julia Almeida Alquéres

Terças e quintas-feiras, de 3 a 26 de setembro, das 10h às 12h

Objetivo da oficina

Ler em voz alta e depois desenhar a leitura em mapas ou constelações pessoais. Essa é a proposta inicial dessa oficina que pretende mostrar que ler é também um ato criativo. Há mesmo quem diga que ler é sonhar, pois imaginamos, movemos imagens próprias a partir do que foi lido, continuando o trabalho de quem escreveu o livro.

Vamos compartilhar as produções individuais e, a partir delas, conversar sobre a presença de mulheres nos trechos de livros lidos. Sonhei a importância delas, por isso escolhi brincar de ler, desenhar e escrever com elas. Se você também se interessa pela presença de mulheres na literatura, pode gostar desse curso.

“(…) antes de tanto gado/ exterminaram os veados/ e as veadas/ para que as vacas e os touros/ os bois e os centauros/ viessem comer o pasto/ sobre o qual cagam.”, escreve Marília Floôr Kosby em um poema do livro Genealogia das mulas (2022). São tantas as formas de habitar a terra, de criar territórios e também de destruí-los.

“Cirene guia sua camionete como um raio desalinhando a terra.”, essa frase do romance Front, de Edimilson de Almeida Pereira, mostra o modo como algumas mulheres transgridem lugares-comuns ao se movimentarem pela narrativa de Edimilson e também pelo romance As mulheres de Tijucopapo (1982), de Marilene Felinto. Nos contos de Amora (2015), de Natalia Borges Polesso, as mulheres que movem os textos também chegam a mim como raios que desalinham a terra.

O curso pretende sublinhar como essas personagens rasgam determinados regimes de imaginação, formas de viver que são impostas, trazendo outros modos de habitar e traçar territórios. Cruzaremos essas narrativas com poemas da genealogia escrita por Marília Floôr Kosby.

Durante quatro semanas, vamos traçar uma rota que passa por pelo menos três pontos:

1. Leitura coletiva de trechos previamente selecionados.
2. Elaboração de mapas ou constelações de leitura criando conexões entre imagens, sensações e lembranças em cartografias pessoais.
3. Conversa a partir dos desenhos criados, com incursões nas leituras (sonhos) individuais.
4. Escrita de textos literários em diálogo com desenhos feitos.

Ministrante

Julia Almeida Alquéres é pesquisadora, professora de literatura e escritora de filmes. Doutoranda no programa da Pós-Graduação em Literatura e Cultura da UFBA (Universidade Federal da Bahia), faz uma leitura iorubá-nagô e bantu-kongo de alguns textos da literatura brasileira moderna e contemporânea. Pesquisa e escreve o roteiro de “BR ambulância”, seu primeiro longa-metragem, e dirigiu o curta-metragem “azul vazante”. Indicado ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2019, na categoria de documentário, o curta foi exibido em festivais em diversos países e recebeu alguns prêmios, como o de melhor direção na 2a Mostra Lugar de Mulher é no Cinema, em Salvador, e Melhor Filme na Mostra Quatro Estações, voltada para temáticas de diversidade sexual e de gênero, no 25o Festival de Cinema de Vitória.

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